Você tirou a música de mim


 Ler ouvindo: Demons

 Era minha música preferida, ela começava tão suave e calma quanto o mar em dias de maré baixa, sempre que eu precisava me desligar da realidade era só coloca-la pra tocar e tudo ficava bem, eu me sentia mais leve. Passei a associa-la ao sentimento que eu tinha por você, era tão bom no começo, tão sereno, era como estar em casa, a vontade para libertar-me e despir-me.
  Aos poucos as batidas começavam a ressoar mais fortes, era revigorante senti-las, e eu me entregava a dança sem medo, apenas fazendo parte de toda aquela energia. Me surpreendo ao perceber que nós dois acompanhávamos aquele mesmo ritmo calmo, depois agitado e viciante. Era como se você fosse a harmonia e eu a melodia.
  E então era hora do ápice, corpos entrelaçados dançando juntos, a vida lá fora deixando de existir por alguns instantes, porque aquele era o momento, o momento de fazer com que cada partícula de nós, cada gotícula de suor se transformasse em música, mas não uma música qualquer, era a nossa composição, você era meu e eu era sua, nada mais importava, somente as notas que ritmavam nosso sentimento.
  A música voltou a sua passada suave, e nós começávamos tudo de novo. Eu nunca fui muito paciente, mas por você eu apertei o replay diversas vezes.
  Um dia você chegou andando pesado, e eu comecei a ficar receosa, pois aquele tom eu ainda não conhecia, e meu instinto me dizia que canções novas eram difíceis de aprender, uma vez que você não conhece a nota.
  Você começou a falar e eu finalmente estava caindo na real, os replay's que para mim sempre foram uma nova forma de apreciar a obra, não se aplicava a você. Em poucos acordes você me mostrou que já estava enjoado daquela melodia. Eu argumentei, dizendo que poderíamos mudar, quem sabe fazer um arranjo diferente. De nada adiantou. Você se foi e levou consigo uma parte minha, a parte que amava aquela música. Chegou a hora da última estrofe e eu já não suportava mais nem sequer um "dó" as batidas me deixavam enlouquecida.
  Você tirou a música de mim, e eu que antes era a estrela, não sirvo nem pra segunda voz.

Sweet Lorraine - Um amor de 75 anos que dura até hoje.

  No final de 2013 uma amiga me pediu que assistisse um vídeo com o nome de Sweet Lorraine, dizendo que era uma história de amor americana. Eu procurei o vídeo, e assisti, me emocionei muito (como a romântica chorona que sou). Hoje, alguns meses depois, eu estava pensando em escrever algo relacionado a amor aqui no Blog, e que história representaria mais o amor do que uma que resistiu até a morte? Todos prontos? Mantenham os lenços por perto.
  Fred Stobaugh conheceu Lorraine no ano de 1938, os dois eram jovens, Fred tinha 21 anos e Lorraine 16, ele era piloto e ela garçonete. Dois anos depois do primeiro olhar, casaram-se.


  Tiveram uma típica vida de um casal, construíram sua casa, e viveram bons anos juntos. Mais tarde vieram as duas filhas, e depois netos e bisnetos.



  Infelizmente um dia a vida prega uma peça em nós, e não há como fugirmos disso. Lorraine faleceu aos 91 anos, no dia 23 de Abril de 2013. Um mês após seu falecimento, Fred resolve escrever uma música em sua homenagem, para participar de um concurso no estúdio Green Shoes. Uma das regras do concurso era postar um vídeo cantando sua música no youtube, porém Fred fez diferente, assista:

 

  Achei um cover maravilhoso da música:



  "Oh Sweet Lorraine" é a  prova de que o amor resiste a tudo. Podem existir poucos Fred's no mundo, mas a questão é que por mais que você diga que o "Para Sempre" não existe, ele existe sim, o de Fred e Lorraine durou 75 anos e mesmo depois de ela não estar mais presente na vida dele em corpo, ela está em alma, melhor dizendo, em AMOR. 
  O que eu quero dizer é que as pessoas hoje transformaram o "eu te amo" em uma banalidade, três palavras ditas da boca pra fora, sem sentimento algum. Se todos nós tivéssemos um pouco da sinceridade, da pureza e do amor que esse casal tem, já estaríamos em um mundo melhor. 
  Eu admiro essa história, e assim como eu, você não deveria deixar de procurar o seu Fred, ou a sua Lorraine. 

“Doce Lorraine, eu gostaria que pudéssemos viver os bons tempos de novo / Doce Lorraine, a vida acontece só uma vez, nunca de novo”

  

E se hoje fosse seu último dia?


  Um dia meu professor de artes do ensino médio pediu para que a turma fizesse uma poesia em cima da música "If Today Your Last Day" até então eu nunca havia escutado, comecei a pesquisar, e quando assisti ao vídeo me emocionei, pois ali continha a minha maior duvida e o meu maior medo "E se hoje fosse seu último dia?" passei horas pensando, até me esqueci da poesia. 
  A música começa com a seguinte frase "Meu melhor amigo me deu o melhor conselho, ele disse: Cada dia é um presente e não um direito adquirido." Qual é a sua reação quando recebe um presente? Provavelmente alegria, curiosidade enquanto abre o pacote e depois o agradecimento. 
  E então eu me fiz a pergunta: Eu encaro meus dias como um presente? E fiquei decepcionada quando percebi qual era a resposta. Não. Eu não vivia intensamente, eu não ficava alegre com as pequenas coisas, eu não sentia curiosidade em saber quais seriam as emoções do dia, e eu não agradecia no final  por continuar viva. Decidi mudar e hoje me vejo muito mais feliz do que era antes, hoje agradeço por cada segundo em que tenho a oportunidade de viver, mesmo que você não tenha uma religião, agradeça, pois você não está aqui sem um motivo, algo está reservado pra você. 
  Outra frase que me chamou a atenção foi "Deixe seus medos pra trás, e tente ir pelo caminho menos viajado, o primeiro passo que você dá é o mais longo deles." Poucas palavras, e uma verdade incontestável. Eu sempre tive medo, medo dos meus sentimentos, medo de arriscar, medo de que as coisas dessem errado se eu tentasse. Me obriguei a mudar, escolhi caminhos até então desconhecidos, e realmente o primeiro passo foi o mais longo, o mais difícil, mas depois.. Depois veio o sentimento de "Eu consegui, eu sou capaz." e não tem nada mais grandioso do que saber que você pode conquistar tudo o que você sonhar, basta correr atrás e esquecer seus medos.
  "Se hoje fosse seu último dia, se amanhã fosse tarde demais, você poderia dizer adeus para o ontem? Você viveria cada momento como se fosse o último? Deixaria velhas fotos no passado? Doaria cada centavo que você tivesse? Ligaria pra todos os seus velhos amigos que você nunca vê? Lembraria-se de velhas memórias? Perdoaria seus inimigos? Você encontraria aquele com que você está sonhando, jurando de pés juntos ao Deus lá de cima que você vai se apaixonar?" 
  Cada frase citada nessa estrofe pode ser feita hoje, e não no seu último dia, entenda isso. Não deixe as coisas para amanhã, o amanhã pode não chegar. Se puder doar dinheiro doe,  e se não puder doe amor. Ligue pros seus amigos e familiares eles precisam saber que são importantes pra você. Perdoe seus inimigos, nada é tão grave que não possa ser perdoado, e o ódio machuca mais a você do que a eles. Permita-se apaixonar-se, as feridas do coração são cicatrizadas com novas alegrias, com um carinho sincero, e um "eu te amo" verdadeiro, tudo ficará bem.
  E pra finalizar: Então viva, porque você nunca viverá duas vezes.