Uma ligação, um cara, waffles e um encontro inesperado

23:56



  Olá pessoal! Como vocês já sabem eu participo de um projeto chamado "16 on 16" que consiste em 16 blogueiras, que postam textos com o mesmo tema todo dia 16 de cada mês, por 16 meses. Infelizmente o tema do mês de Outubro não condiz com a história que eu comecei em Agosto e dei continuidade em Setembro. Como muitas leitoras querem saber o que acontece com a Julia, decidi escrever fora do projeto..

Para quem ainda não leu os outros textos e quer saber quem é a Julia:
Quem sabe mais tarde eu respondo / Tive que arranjar alguém para passar os dias ruins


 - Alô! Julia?
 Fiquei muda ao escutar aquela voz que a tanto tempo eu não ouvia, um turbilhão de sentimentos tomou conta de mim, saudade, magoa, paixão, ódio...
 - Sei que está ai, posso ouvir sua respiração - continuei muda - Olha, eu sei que já são quase 5 horas da manhã, e eu não deveria ter te ligado a essa hora, me desculpe se te acordei, mas eu passei o dia inteiro pensando na mensagem que você deixou na minha caixa eletrônica. Eu sinto muito por tudo que aconteceu, e queria saber se você me dá uma chance, sabe, pra conversarmos e esclarecermos as coisas...
Meu coração começou a bater em um ritmo frenético, eu tinha a impressão de que a qualquer momento ele sairia do meu peito.
 - Julia, por favor, me responde.
 - Oi Marco - ele deu um suspiro de alivio do outro lado da linha
 - Finalmente! Achei que me deixaria falando sozinho. E então o que você me diz? Podemos nos encontrar amanhã? - ele fez uma pausa e eu podia jurar que deu um sorriso - Quer dizer hoje a noite.
 - Não sei se quero ir - me surpreendi com a frieza na minha voz
 - Mas e a mensagem que você me deixou ontem? Tudo o que você disse foi da boca pra fora?
 - Não, eu jamais falaria aquilo só por falar. Mas eu não sei se estou disposta a passar por tudo outra vez, não sei se tenho... forças, pra juntar os cacos novamente.
 - Me desculpa, eu sei que fui um idiota. Eu só quero te ver uma última vez, pra podermos conversar, pra resolvermos o que vamos fazer!
 - Achei que já tivéssemos resolvido isso há 4 meses, quando você terminou comigo.
 - Julia, por favor, só uma chance, é o que eu te peço.
 - Ok - só depois de pronunciar aquela palavra foi que percebi a que eu estava me submetendo, a mais dor, mais sofrimento. Decidi que eu tinha que por um ponto final naquela história, e vê-lo cara a cara seria a melhor maneira.
 - SÉRIO?! - disse ele animado demais, eu não estava entendo tudo aquilo, por que ele tinha mudado de ideia tão repentinamente?
 - Sim Marco. Onde e que horas? - procurei manter a frieza, mesmo que meu estomago estivesse embrulhado e minhas pernas tremendo
 - Eu te busco as 19h, pode..
 - NÃO! - falei mais rápido e mais alto do que previ, eu não podia permitir que ele aparecesse no prédio, o que Felipe pensaria se o visse ali? - Me fale o endereço e eu vou te encontrar.
 - Está bem - sua voz deixou transparecer seu desapontamento - Então eu te espero no Starbucks que a gente sempre ia.. Ok?
 - Ok.
 - Beijo e até daqui algumas horas
 - Até.
Desliguei o celular e me controlei pra não chorar, levantei e fui até a cozinha buscar um copo de água. Quando eu já estava voltando para o quarto ouvi um barulho. Era o Felipe que tinha acordado.
 - Oi, acho que a realidade do filme de terror me fez pegar no sono, desculpe - ele disse sorrindo e meio desconcertado, por segundos esqueci da ligação que eu havia acabado de receber
 - Tudo bem, pode voltar a dormir, só vim buscar água
 - Acho que vou demorar um pouco a pegar no sono.. Você está meio pálida, aconteceu alguma coisa?
 - Não - ah como eu queria poder contar sobre o que estava me afligindo, mas eu podia sentir que estava rolando algo entre nós dois, ele parecia ser uma cara especial e eu sabia que se contasse estragaria qualquer chance de um futuro ou qualquer coisa que fosse que poderíamos ter - Acho que foi o chocolate que não me fez muito bem
Felipe me olhou com uma cara de preocupado, se ofereceu pra ir na farmácia comprar remédio, recusei e disse que depois que eu dormisse um pouco, passaria. Quando eu já ia dar boa noite, ele me surpreendeu pedindo se eu queria deitar com ele no sofá. Depois que fiz uma careta, ele se apressou, tentando explicar-se.
 - Não é isso que você está pensando! É só que se você passar mal, eu vou estar aqui, se você dormir no quarto não vou poder te vigiar. Você pode deitar no sofá maior, eu fico no pequeno..
Sorri ao perceber que ele só estava querendo ser gentil. Decidi buscar um colchão no quarto de hospedes, eu deitei no colchão e ele no sofá, ficamos conversando e sem perceber, adormeci.
Acordei com um cheiro maravilhoso, era cheiro de café e algo a mais.
 - Ai meu Deus! Você fez Waffles!
Ele levou um susto, com a minha animação e eu dei risada porque provavelmente eu deveria estar parecendo uma maniaca, com o cabelo desgrenhado e sádica por um café da manhã.
 - Ufa! Fiquei pensando "O que vou preparar pra essa mulher? E se ela não gostar de waffles?" 
 - Tá brincando? É possível alguém não gostar?
 - Você tem razão! Espero que não se importe de eu estar usando sua cozinha. É que eu estava morrendo de fome e você não acordava... 
 - Não me importo só pelo fato de você ter feito meu café da manhã!
Ele fez uma cara de "tá brincado?"
 - O que foi?
 - Júlia, isso está mais pra café da tarde!
 - Como assim? - olhei para o relógio "16:00" - Nossa! Acho que nunca dormi tanto! Por que não me acordou?
 - Porque você parecia tão cansada ontem, achei que merecia umas horas a mais de sono.
 - Ah, obrigada! - ele tinha razão, eu estava um caco - Bom, vamos comer que eu estou FAMINTA!
  Depois de tomar o "café da tarde" Felipe disse que tinha umas coisas pra resolver a noite, mas que achava que não demoraria, que poderíamos nos ver quando voltasse. Eu tive que mentir dizendo que sairia com uma amiga. Nunca fui a favor de mentiras, mas não havia outra saída. Então, combinamos de fazer um passeio turístico no dia seguinte.
  Organizei a casa e fui tomar um banho. Eu tinha uma hora pra decidir o que vestir e ir encontrar o Marco. Pensei milhares de vezes em ligar e dizer que surgiu um compromisso de última hora, mas desisti, porque já era hora de resolver as coisas, se eu não terminasse com aquilo, não conseguiria seguir em frente. 
  Eram 19:05 e eu estava na frente do Starbucks, com o meu vestido preto básico e uma jaqueta jeans por cima. Eu não sabia o que me esperava lá dentro, só tinha consciência de que não seria fácil. Forcei minhas pernas a andarem, quando eu abri a porta do Café, paralisei. Não era possível, não podia ser! Eu tinha razão quando achei que não seria fácil, mas os motivos eram diferentes do que eu havia imaginado...

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2 comentários

  1. Continua, POR FAVOR!

    Não consigo comentar mais nada além disso.
    Beijos, lindona
    http://jurodemindinho.blogspot.com.br/



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  2. Thamy conseguiu resumir o meu sentimento. Não posta só uma vez por mês não, essa história prende muito a atenção pra eu conseguir esperar um mês todo pra ler a continuação dela.

    beijos
    http://jurodemindinho.blogspot.com.br

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